MIRÓ: Surrealismo e sua pintura lúcida



Seguindo a linha de falar sobre todas as artes, vou falar hoje um pouco sobre o Miró. Artista surrealista Europeu e que tem quadros nos maiores e melhores museus do mundo... Ele esteve em uma grande exposição em 2015 no Instituto Tomie Ohtake, no qual tive o prazer de prestigiar...


Um pouco de sua história...


Joan Miró i Ferrà foi escultor, pintor, gravurista e ceramista. Nasceu em Barcelona em 20 de abril de 1893 e morreu em 25 de dezembro de 1983, tendo morado em diversas partes da Europa como Barcelona, Paris e Palma de Maiorca, onde segundo a maioria das fontes faleceu. Viveu também nos Estados Unidos da América, onde realmente foi reconhecido e fez fama e fortuna. Voltou para a Europa e alternava sua moradia sempre entre França e Espanha.

Durante minhas pesquisas encontrei divergências com relação à história do artista nos diversos sites, blogs e materiais bibliográficos de livros on-line. O que se sabe ao certo é que seus pais eram contra o seu interesse pelas artes, mas ainda assim cursou Escola de Belas Artes de Barcelona e Academia de Gali. Durante a juventude teve depressão, pois não tinha gosto pela profissão que exercia até então e que precisou se desvencilhar de sua família para conseguir seguir sua inclinação para a arte.

Quando morou em Paris, não conseguia fazer pinturas por encomenda de retratos, nus e paisagens conforme movimento expressionista que estava em alta na época e por não conseguir trabalho passou muita fome.

Algumas fontes relatam que ele mesmo confessou que usava a fome como forma de “ver o mundo de um jeito diferente” e assim desenvolver seus quadros surrealistas: “vivendo experiências extremas para pintar”.

Foi amigo de Picasso, que lhe ajudou muito nesta fase difícil em Paris.

Embora tenha sido considerado por André Breton como o "mais surrealista entre todos os surrealistas", Miró sofreu influencia de diversas vanguardas do inicio do século, como o dadaísmo, do cubismo e do fauvismo e não se considerava partidário de nenhum destes movimentos em especial. Ainda mais a partir da década de 1930, quando Breton e outros companheiros surrealistas aproximaram-se da doutrina marxista.

Ainda assim, boa parte de suas obras são consideradas surrealistas, pois continham grande carga simbólica e emotiva, que transformava seus desenhos minimalistas em desenhos de forma inusitadas e muitas vezes incompreendidos até mesmo pelos outros surrealistas da época.

Ainda assim, o movimento surrealista lhe foi muito importante. Em um documentário ele comenta que “pintar com todas essas regras [do cubismo] me estressava um pouco. Eu queria ir além disso, entende? O cubismo abriu muitas portas, mas depois dele a pintura se tornou algo muito estático, estava somente preocupada com o plasticismo e eu queria dar um salto sobre isso, que me parecia muito limitado. Então, com os surrealistas eu encontrei o que estava procurando. Eu pude deixar o plasticismo estrito para trás e ir além”. Segundo Vinicius escreveu para o Site Colunas Tortas em 18 de Abril de 2014.

Sobre a exposição...


Dividida cronologicamente a exposição trás um recorte de cerca de 50 anos da produção do artista e trouxe ao instituto Tomio Ohtake, em São Paulo 112 obras, entre pinturas (41), esculturas (22), desenhos (20), gravuras (26) e objetos de ponto de partida das esculturas (3), além de fotografias e vídeos contando a história do artista.

As peças, selecionadas pela Fundação Joan Miró, de Barcelona foram recolhidas do acervo da própria fundação e coleções particulares e propositalmente divididas em 3 blocos cronológicos mostram diferentes fases do artista e suas “experimentações da matéria”.

O primeiro bloco, entre as décadas de 30 e 40, época onde ocorriam na Europa a Segunda Guerra Mundial e na Espanha a Guerra Civil Espanhola, suas pinturas e desenhos mostravam o inicio do interesse do artista pela matéria. Seu caráter transgressor se evidencia ao manifestar de forma explicita seu proposito de renovar os “procedimentos técnicos” de suas criações e “assassinar a pintura” tal a qual o mundo a conhecia, referindo-se a intenção de acabar com a concepção clássica da pintura de cavalete.

É nessa fase que Miró passa a fazer suas reconhecidas colagens e objetos diversos com o uso de materiais diversos.

No segundo bloco, entre as décadas de 50 e 60, com a utilização de mais tipos de técnicas para a concepção de trabalhos artísticos, destaca-se o interesse continuado do artista pela experimentação da matéria, o que o levou a trabalhar em excesso no campo da escultura.

Mulher III, 1967 (óleo e acrilico sobre tela). Fundació Joan Miró, Barcelona. Foto acervo pessoal.

O último bloco destacasse as obras da década de 70, onde Miró segue questionando o sentido final da arte e uma importante coleção de gravuras indica a destreza do artista a desafiar os padrões da técnica.

Mulher na noite, 1973 (acrílica sobre tela) Fundació Joan Miró, Barcelona. Foto acervo pessoal.
À direita: O Sonâmbulo (1974), água-forte, água-tinta e carbono. Fundatió Joan Miró, Barcelona. Foto acervo pessoal.

Na parede clara, quadro central: Dois personagens caçados por um pássaro (1976), na parede laranja: Pintura III / V (1980). Todos de óleo sobre tela. Coleções particulares. Foto acervo pessoal.
Segundo o neto do artista e responsável pelas exposições das obras do avô pelo mundo, Joan Punyet Miró diz que 48 das peças apresentadas são de coleções particulares, 2 delas nunca foram apresentadas ao público:

Imagem extraída da reportagem sobre a exposição de Miró do site G1.

Miró em seu atelie. Foto da foto exposta. Acervo pessoal.

Miró trabalhando. Foto da foto exposta. Acervo pessoal.

Joan Miró - A força da Matéria
Onde: Instituto Tomie Ohtake.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 201 – Pinheiros – São Paulo, SP.
Quando: de 24 de Maio a 16 de Agosto.
Horários: de terça a domingo das 11h às 20h.
Entrada gratuita.
Observação: A mostra seguiu para Florianópolis, SC entre os dias 02 de Setembro à 14 de Novembro).

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

CORTINAS - 2° Parte: Detalhamento Técnico

CORTINAS - 1° Parte: História e função

Parques de São Paulo: Burle Marx